Cientistas americanos da Universidade da Califórnia afirmam que identificaram um dispositivo químico que acciona o mecanismo genético que regula o chamado "relógio biológico" do corpo humano. O novo estudo, publicado na revista científica "Nature", afirma que, apesar de o processo envolver vários genes complexos, o mecanismo do relógio biológico é controlado, em última instância, pela acção de um único aminoácido.
Os investigadores acreditam que a descoberta do aminoácido pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para os distúrbios do sono, nomeadamente que actuem directamente no funcionamento deste dispositivo. Paolo Sassone-Corsi, líder do estudo, disse à BBC que «a acção que desperta o dispositivo é tão específica que parece ser uma tarefa perfeita para compostos que possam regular esta actividade».
O relógio biológico é um mecanismo que regula 15 por cento da actividade de todos os genes humanos e que controla várias funções do corpo humano, como padrões de sono, hormonas, metabolismo e comportamento. A interrupção desse ritmo de actividade pode afectar a saúde e está relacionado com várias doenças, tais como, insónias, depressão, problemas cardíacos, cancro e outros distúrbios neurodegenerativos.
Segundo a BBC, o relógio biológico é controlado pelos genes Clock (relógio em inglês) e Bmal1. O novo estudo descobriu que um aminoácido numa proteína produzida pelo gene BMAL1 passa por uma modificação que acciona a sequência genética de eventos ligados na marcação do ritmo de várias funções do corpo.
Os pesquisadores estão agora a testar anticorpos para tentar controlar a actividade deste aminoácido. Segundo disse à BBC Neil Stanley, especialista em distúrbios do sono no Hospital Universitário de Norwich, a ciência já classificou 89 tipos diferentes de distúrbios, mas os medicamentos actuam apenas no mesmo neurotransmissor, denominado GABA.
«Os problemas de insónias são individuais, mas actualmente temos apenas um tratamento para todos os distúrbios», afirma. Para o cientista, a descoberta do aminoácido responsável pela regulação do relógio biológico pode ajudar a tratar estes distúrbios. «Um novo alvo pode permitir o desenvolvimento de tratamentos mais específicos, e oferecer aos pacientes um cuidado mais personalizado».
Fonte: Sapo / NBRSolutions
19/12/2007