"Não é preciso fazer dieta, aliás, não é recomendado em idade pediátrica fazer dieta", afirmou Carla Rego, pediatra e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que preside ao 18º Encontro Anual do European Childhood Obesity Group (Grupo Europeu de Obesidade Infantil) que está a decorrer n Porto.
Segundo a médica, é preciso ensinar a comer de tudo de forma saudável.
"Uma restrição alimentar implica necessariamente desequilíbrio emocional e, sendo assim, nunca deve ser feito na vida dieta, muito menos em idade de crescimento", defendeu.
O norte-americano Bernard Gutin questionou até que ponto vale a pena cumprir uma dieta, defendendo que as crianças devem fazer exercício físico "vigoroso", ou seja, um desporto que implique corrida ou saltos.
Na sua opinião, as crianças não devem fazer dietas como os adultos, e a actividade física é importantíssima por estimular o desenvolvimento, além de influenciar na obesidade.
"As crianças devem fazer esse tipo de exercício físico pelo menos uma hora por dia", disse, considerando também ser necessário alterar hábitos.
Apontou como exemplo a substituição de bebidas com gás por leite às refeições.
"As mesmas 200 calorias do leite são mais benéficas, porque têm cálcio", exemplificou.
Margaritha Caroli, outra especialista presente neste encontro, defendeu ainda um regresso ao passado, designadamente às brincadeiras de rua e passeios ao ar livre, em substituição de horas passadas a ver televisão ou com jogos de consola.
Carla Rego disse que "as armas de terapêutica [para a obesidade - comprimidos e cirurgia] em idade pediátrica, excepto a mudança de comportamentos, são polémicas".
Para a mudança de comportamentos, a especialista defendeu uma maior aposta na prevenção.
"Se há que travar uma pandemia, há que saber como fazê-lo, sobretudo quando essa pandemia tem a ver com comportamentos da mulher antes de engravidar, durante a gravidez, do crescimento da criança, dos pais, das escolas e autarquias", afirmou Carla Rego, acrescentando que "falta legislar, legislar em várias áreas, como a alimentação nas escolas e no que diz respeito à publicidade".
Carla Rego afirmou ainda que, apesar de não existirem números gerais sobre obesidade infantil, porque "não há nenhum rastreio nacional", empiricamente, através das consultas externas, dá para perceber que se trata de um doença que tem aumentado, sobretudo em idades mais precoces.
"Presumo que a Plataforma para a Obesidade esteja a planear realizar esse estudo", concluiu.
Fonte: Diário Digital / NBRSolutions
10/06/2008