Portugueses são dos europeus que mais exames médicos fazem, mas descuram os dentes

Os portugueses são dos europeus que fazem mais exames médicos de rastreio (check-up), sendo mesmo "campeões" em radiografias e exames ao coração, mas descuram os dentes, revela um inquérito sobre saúde preventiva divulgado ontem pela Comissão Europeia.
De acordo com o "Eurobarómetro" divulgado em Bruxelas, 58 por cento dos portugueses realizaram uma radiografia, ecografia ou outro exame deste tipo nos últimos 12 meses (o valor mais elevado da União Europeia a 25, muito acima da média comunitária, de 38 por cento).

Quase metade dos inquiridos (46 por cento) fez um exame cardíaco (também o valor mais alto, bastante acima da média de 27 por cento).

O estudo sobre saúde preventiva revela que os portugueses, por própria iniciativa ou do médico, também são bastante cuidadosos com o nível de colesterol - 56 por cento dos inquiridos fizeram este teste específico no último ano, contra 38 por cento da média da UE - e quase três quartos (71 por cento) mediram a tensão arterial (acima da média comunitária de 59 por cento).

Em contraste com estes "números", os portugueses surgem na cauda da tabela no que respeita a exames dentários, já que menos de metade (45 por cento) dos inquiridos fez um controlo denário no ano anterior, o que constitui o segundo valor mais baixo da UE - a par da Grécia e apenas acima da Roménia (36 por cento) - e muito aquém da média europeia, de 62 por cento.

O ministro da Saúde português, Correia de Campos, assumira terça-feira no Parlamento que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) falha na prestação de cuidados de saúde dentária e prometeu anunciar medidas durante o debate do Orçamento de Estado para 2008.

Em reacção às declarações de Correia de Campos, a Ordem dos Médicos Dentistas manifestara a esperança de que o Governo crie um sistema de convenção com privados para tratamentos de saúde oral aos doentes do SNS.

O bastonário, Orlando Monteiro da Silva, disse que Correia da Campos tem desde Julho um relatório de um grupo de especialistas de diversas áreas com propostas de medidas para melhorar os serviços de saúde no que respeita à saúde oral.

"A proposta que mais interessa às pessoas é a de estabelecer um sistema de convenção com dentistas e clínicas dentárias para os doentes do SNS, nomeadamente para alguns sectores mais específicos da população", adiantou à Lusa Orlando Monteiro da Silva.

Os portugueses também parecem ser pouco "adeptos" de exames de rastreio à visão (38 por cento) e audição (20 por cento), mas neste caso em linha com a média comunitária (38 e 16 por cento, respectivamente).

A nível geral, a Comissão Europeia aponta que são muito poucos os europeus que se submetem a exames à próstata (13 por cento dos homens) e cancro colorectal (8 por cento dos inquiridos), e os portugueses não são excepção (18 por cento e 8 por cento, respectivamente).

O Eurobarómetro foi realizado entre Outubro e Novembro de 2006, tendo em Portugal sido inquiridas 1.006 pessoas (com mais de 15 anos) pela TNS Euroteste.

Fonte: Lusa / NBRSolutions

15/09/2007