A exposição passiva ao fumo de tabaco aumenta o risco cardiovascular em cerca de 30 por cento, pois afecta o funcionamento das artérias, provoca a diminuição dos níveis dos antioxidantes e pode causar doenças coronárias graves, alerta Victor Gil, director do Serviço de Cardiologia do Hospital Amadora-Sintra.
«Há vários estudos recentes sobre os malefícios de exposições passivas a doses baixas e por períodos curtos, bem como a rapidez com que os eventos cardiovasculares subsequentes podem ocorrer», refere o cardiologista. Entre os múltiplos efeitos biológicos demonstrados pelo tabagismo passivo, contam-se o deficiente funcionamento das artérias, agregação das plaquetas sanguíneas, activação da aterosclerose, uma doença degenerativa das artérias, e os efeitos negativos sobre as gorduras do sangue, como a diminuição do chamado "bom colesterol".
«Além disso, o fumo do tabaco, mesmo que inalado passivamente, promove a libertação de radicais livres e diminui os níveis dos antioxidantes, expondo as artérias aos efeitos negativos do chamado "stress" oxidativo», explica Victor Gil.
O especialista refere ainda que o risco de doença das coronárias relacionada com a exposição passiva ao fumo do tabaco tem sido, até agora, subestimado e é provavelmente muito mais aproximado do dos fumadores activos, pelo que a aplicação da legislação do tabaco tem sido saudada pelos não fumadores, sistematicamente agredidos pelo fumo dos outros.
Neste sentido, Victor Gil diz que «numa sociedade aberta, as opções individuais têm que ser respeitadas, mesmo quando daí resulte um assumido e consciente prejuízo pessoal. Todavia, é evidente que a liberdade individual não pode ser exercida em detrimento da liberdade e da saúde dos outros. No futuro, fumar terá, provavelmente, de ser um prazer íntimo».
Fonte: Sapo / NBRSolutions
26/01/2008