A vacina contra o vírus que provoca a gastroenterite pediátrica demonstrou uma eficácia clínica de quase 100 por cento nos dois anos posteriores à sua administração, segundo estudos apresentados no 25º Congresso Internacional de Pediatria, em Atenas.
Em 98% dos casos, a vacina oral pentavalente contra o rotavírus mostrou-se eficaz na prevenção de casos graves de doenças nas duas estações após a vacinação, segundo o subgrupo Europeu do estudo dda eficácia de rotavirus e testes de segurança (REST).
Nesta análise do estudo REST, que avaliou mais de 30.000 lactentes europeus, a vacina mostrou poder reduzir em 95% o número de hospitalizações e consultas de urgência, e em 87 por cento as consultas médicas.
No início de Agosto, a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) anunciou a sua intenção de emitir em breve recomendações sobre o uso da vacina, tendo em conta os estudos que indicam a eficácia e segurança da vacinação.
Fernanda Rodrigues, da secção de Infecciologia Pediátrica da SPP, adiantou existirem alguns dados regionais sobre os tipos de rotavírus em circulação e, embora estes tenham uma variação local e temporal, mostram que as vacinas existentes «são eficazes».
«São muito importantes e estão já programados estudos epidemiológicos a nível nacional que permitam avaliar a situação no país e monitorizar a eficácia da vacina», informou.
A pediatra Filipa Prata, do Hospital de Santa Maria (Lisboa), também lembrou a ausência de um estudo global nacional sobre a incidência da gastroenterite entre as crianças portuguesas e defendeu ainda a necessidade da realização de «um estudo custo/benefício para que as comissões técnicas possam avaliar a sua possível integração no Plano Nacional de Vacinação».
«Mas há prioridades. Há outras vacinas importantes como a vacina pneumocócica conjugada (mais conhecida pelo nome comercial Prevenar para evitar septicemia, meningite ou pneumonia bacteriemica) ou a indicada para o Papilomavírus Humano (que provoca o cancro do colo do útero)», argumentou.
Todavia, esta pediatra sublinhou a importância dos «pais saberem que a gastroentrite pediátrica existe, que há uma vacina eficaz e que é a única medida através da qual se pode diminuir a morbilidade associada à doença».
A especialista da SPP reforçou, por ser turno, que é «bem conhecido que a gastroenterite aguda é uma doença muito frequente nos primeiros anos de vida, tanto em países industrializados como em vias de desenvolvimento».
«O rotavírus é o agente causal mais frequentemente implicado e as gastroenterites agudas provocadas por este vírus têm um importante impacto nos sistemas de saúde e nas famílias. Em 2006 foram aprovadas para utilização duas vacinas contra este vírus, eficazes e seguras para os tipos de rotavírus mais frequentemente encontrados», disse.
A vacina contra o rotavírus deve ser administrada até às 26 semanas, registando-se a incidência da gastroenterite abaixo dos cinco anos, mas o seu pico regista-se entre os seis e os 24 meses.
Em Portugal, estão disponíveis duas vacinas cujo custo varia entre os 160 (duas doses) e os 170 euros (três doses).
Em todo o mundo, a infecção provoca cerca de meio milhão de mortes todos os anos em crianças com menos de cinco anos.
Em Maio de 2007, numa reunião realizada no Porto, a Sociedade Europeia de Infecciologia Pediátrica e a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica recomendaram a vacinação.
Na ocasião foi lançado o alerta de que o «rotavírus é a maior causa de desidratação grave por vómitos e diarreia em crianças».
Os sintomas típicos da doença são diarreia aquosa, vómitos, febre e dor abdominal.
Fonte: Diário Digital / NBRSolutions